segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Onix V. Turm Haus

Não só de Dobermanns vive o mundo, mas o meu...

No dia 6 de Agosto de 2009 nascia o que viria a ser o cão dos meus sonhos, o cão que toda a vida sonhei ter, o cão que sempre desejei: 


Onix V. Turm Haus



Aqui deitado sobre um dos seus companheiros de camarata! Na altura com o nome provisório de "Barcelão", não estivesse ele a envergar uma "coleira" com as cores do Barcelona F.C.!!!


Chegara finalmente o grande dia, o dia 5 de Outubro de 2009, o dia em que o iríamos buscar, o dia em que o sonho se torna realidade!





Eu ainda não conseguia acreditar que finalmente tinha em minha casa o cão dos meus sonhos... Mas era verdade, o Ónix estava em casa e era o novo membro da família!



Começaram as apresentações, a Catarina (Ere Esmerald V. Turm Haus) assumiu de imediato o papel de mãe, o papel da cadela que o lambe e o acaricia, mas também o papel da má da fita, aquela que o repreende quando ele se comporta mal... O velhote Moon veio ver o que é que lhe tinha aterrado lá em casa, a sua casa tão calma iria virar um pandemónio com o puto novo, com o chavalito insubordinado que chegou para instaurar o caos!!


A Catarina dá o seu aval, o canito novo está aprovado!!


Em abono da verdade, o Ónix não era nada burro, ele aprendeu rapidamente as regras mais agradáveis da casa...


E não era o único, o sofá chega para todos, menos para os donos!!


O tempo passou, o Ónix ia connosco para todo o lado, ele tinha de ser sociabilizado, precisava de conviver com pessoas e outros animais, como aliás todos os cães, especialmente raças poderosas e tendencialmente dominantes como o Dobermann.

Tal como todos os cachorros que entraram nas nossas vidas, o Ónix teve uma educação e treino rígidos, com uma criança em casa, não há margem para erros nem para cães mal educados ou agressivos, e como eu sou da geração de pessoas que acreditam piamente que o dono faz o cão e que não há raças perigosas, segui uma linha de treino que me pareceu adequada, com muito exercício, com muita disciplina e muuuuuito mimo!!!

A educação e treino eram e são, uma tarefa de família, todos participam na mesma, os cães têm de saber qual o lugar deles na família, como aliás se pode ver...



O Ónix acompanhava-nos nos nossos passeios, com ele percorríamos a Expo em Lisboa, com ele viajámos até Mangualde e Serra da Estrela onde ficámos por uns dias de férias, sempre que possível saíamos do passeio diário para explorar novos sítios, novas pessoas, novos desafios...


 
Podíamos ver o nascer do sol em Belém...





Ou ir passear a Monsanto, correr um pouco para esticar as pernas...


Ou passear à Expo para comer um gelado...


Ou quem sabe ir apanhar sol num dia de Verão...

As viagens é que eram uma canseira, até dava para repousar a cabeça e tudo...



Fomos a muitos sítios passear, correr ou apenas descontrair...








Um dia de Outono tudo mudou...

Em Setembro/Outubro de 2010, caí no erro de começar uma "pseudo" alimentação "natural", chamam-lhe BARF (Bones And Raw Food), baseia-se na alimentação à base de carne crua, carcaças de frango, de perú, alguns vegetais, peixe, tudo em cru. Eu queria o melhor para ele, eu apenas desejei que o meu cachorrão tivesse o melhor do mundo, e do que estive a ler, tudo me pareceu claro como água, pensei ser a solução mais adequada para que o meu cão crescesse saudável e forte, afinal só li coisas boas sobre a BARF e a alimentação dita natural.

Comecei então a "odisseia" da "comida natural"...

Obviamente que todos eles adoravam, era um petisco a hora da refeição, afinal qual é o cão que não gosta de carne e ossos?

No dia 22 de Outubro começou o princípio do fim...

O Ónix jantou, como todos os dias, BARF, e cerca de meia hora depois de comer, começou a fazer uma dilatação como eu nunca tinha visto. Fomos de urgência ao veterinário, eu nem queria acreditar que o meu bebé estava a fazer uma torção gástrica, era inimaginável um bebé com apenas 15 meses, estar a fazer uma torção, nem a veterinária quis acreditar no que se estaria a passar com um cão tão jovem...

O diagnóstico estava feito, o Ónix estava a fazer uma dilatação e consequentemente uma torção gástrica, a sala de cirurgias era a única opção, não havia alternativas.

Os sentimentos de  angústia e impotência tomaram conta de nós, a profunda tristeza misturada com alguma esperança na recuperação do nosso bebézão, eram os sentimentos que nos ocupavam a alma e o espírito. 

As perguntas surgiam: Como era possível um bebé fazer uma torção? Como era possível uma dilatação tão grande com comida com um elevado grau de humidade? Como é que a carne crua provocou isto? Será que ele se vai safar?
Será que... E o meu sentimento de culpa foi, e é, indescritível, nunca me vou perdoar por ter aderido a estas novas e absurdas correntes "naturalistas", a estas novas "modas" da comida natural, a estas tretas que vão contra o que há tantos anos se desenvolve: as rações equilibradas... É como diz a veterinária, porque é que vamos recuar 20 anos na ciência?? Absurdo, venha quem vier, a minha opinião mantém-se.

O meu menino foi operado, a cirurgia correu bem, mas o veterinário da equipa que o operou, e tendo em conta que o que ele tinha no estômago eram ossos, achou que era arriscado demais abri-lo para limpar, como normalmente se faz neste tipo de intervenções de urgência. Não sei se foi a decisão correcta, eu confio nele e na sua equipa, não sou ninguém para questionar os procedimentos cirúrgicos numa intervenção médico-veterinária, resta-me confiar. Foi o que fiz, e não me arrependo.

Passaram 2 dias, e o Ónix não teve alta, estava muito abatido e não estava a reagir muito bem ao pós operatório.

No dia 24 de Outubro, 2 dias após a cirurgia, a veterinária chamou-nos para conversar e explicou que o Ónix não estava a conseguir digerir o que tinha no estômago, e que a alternativa seria submetê-lo a nova intervenção cirúrgica, de alto risco, mas não havia alternativas, pois se lhe fosse provocado o vómito, os ossos poderiam rasgar o esófago ao serem regurgitados, seria pior a emenda... Nós concordámos com a opinião dela, estávamos cientes do risco, mas se não o corrêssemos ele morreria.

No dia 25 de manhã ele foi operado, e nós fomos visitá-lo ao final do dia:






Chegámos e vimos o que não queríamos...

Nunca esquecerei a sua expressão, ou falta dela... Foi uma visita "horrível", eu e o meu marido percebemos que o Ónix já cá não estava, ele olhava para o vazio, ele não respondia à nossa voz, ele não respondia ao nosso toque, ele apenas estava ali, na realidade a mente dele estava já do "outro lado"... 

Não sei descrever melhor o que senti e sinto ao escrever estas palavras, as lágrimas escorrem-me pela cara, já lá vão quase 2 anos, e não consigo superar este sentimento de perda, não consigo superar o meu erro, não me consigo perdoar por ter morto o meu cão, o meu bebézão com apenas 15 mesinhos...

No dia 26 de madrugada, o Ónix sucumbia a um pós operatório, no mínimo, misterioso...

A cirurgia tinha corrido bem, mas a sua resposta não era positiva, os veterinários testaram tudo o que havia a testar, eles radiografaram-no várias vezes, eles fizeram análises várias vezes, eles não conseguiam perceber o porquê dele estar prostrado, sem reacção, foi algo inexplicável.

No dia 26 de manhã, pelas 10h, recebo uma chamada no meu telemóvel da veterinária, não era bom sinal, eu tinha a certeza... Do outro lado a veterinária soluçava num misto de tristeza, choro e sentimento de dever profissional em ter de me dar a má notícia de que, pelas 6h da manhã desse dia, o nosso bebé havia falecido. 

Não há palavras para descrever o que senti... Ainda hoje, não consigo descrever como me senti e como ainda me sinto ao escrever estas palavras...

Pelo mistério da morte, a veterinária pediu-nos autorização para o autopsiar, a qual foi concedida, nós queríamos saber o porquê da morte do nosso "Nixas".

Assim foi, a autópsia foi feita, e eu só tenho um enorme obrigado a dizer à equipa de veterinários que acompanhou o nosso Nixas, pelo profissionalismo, pela franqueza e honestidade com que pautam as suas acções e o exercício da sua profissão. 

O Ónix faleceu com uma hemorragia interna. Sem que nenhum veterinário conseguisse perceber como é que uma micro ruptura de um vaso sanguíneo, que "encheu", a conta-gotas, o nosso menino de sangue, até à morte, passou ao lado das análises e dos Raios X que lhe foram sendo tirados, permanece até aos dias de hoje um enorme mistério.

Ao meu cão, ao nosso cão, ao grande amor da nossa vida, ao cão dos nossos sonhos vai o nosso OBRIGADO por nos teres proporcionado um ano e 21 dias de AMOR incondicional, um ano e 21 dias de fidelidade, um ano e 21 dias de felicidade, Obrigado por nos teres ensinado que a vida tem de ser vivida um dia de cada vez, e cada dia como se fosse o último, nunca esta expressão fez tanto sentido.

Amo-te muito Meu Cão, estarás sempre presente em todos os dias da minha vida.





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